Neste 20 de novembro se celebra o Dia da Consciência Negra. Em 2024, pela primeira vez a data entra no calendário brasileiro como feriado nacional. Historicamente, 20 de novembro foi o dia em que morreu Zumbi dos Palmares. Mas simbolicamente, a Consciência Negra é uma homenagem à cultura ancestral do povo de origem africana trazido à força e escravizado no Brasil.
O dia 20 de novembro foi instituído como Dia da Consciência Negra pela lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011. A data foi criada para promover a valorização da cultura negra e incentivar a reflexão sobre o passado histórico de opressão e exclusão sofrido pela população negra. O 20 de novembro é também um momento de conscientização sobre os desafios ainda enfrentados por milhões de brasileiros que ainda convivem com a discriminação racial.
Historicamente, o termo “consciência negra” é mais do que um simples reconhecimento da história afro-brasileira. É um movimento que busca fortalecer a identidade e a autoestima dos negros, promovendo o respeito à diversidade racial e cultural, além de lutar por políticas públicas que garantam a igualdade de direitos e oportunidades.
Embora o Brasil tenha avançado em algumas questões como a implementação de cotas raciais em universidades e concursos públicos, a população negra ainda enfrenta desafios estruturais profundos. A desigualdade, a violência policial e o racismo velado em diversos setores continuam sendo problemas graves que exigem do poder público e da própria sociedade ações contínuas e concretas de erradicação.
Halda Regina, do Instituto da Mulher Negra do Piauí – Ayabás explica que o racismo afeta o modo como as pessoas negras vivem e está inclusive na inércia do poder público em investir em políticas públicas voltadas para esta população.
“Chamamos de racismo estrutural quando em um país desigual nós não temos a oportunidade de chegar a determinado lugar por conta da nossa cor. Existe um grupo racial que sofre as consequências de políticas públicas em detrimento a um grupo racial que sobrevive financeiramente muito bem. É um tipo de racismo que as pessoas não veem, mas está presente diariamente”.
Em um contexto de crescente mobilização social, movimentos como o Movimento Negro Unificado (MNU) e organizações não-governamentais têm intensificado a luta por igualdade racial. Além da luta por reparações históricas e políticas afirmativas, o Dia da Consciência Negra também serve como um alerta para a necessidade de inclusão racial nas narrativas culturais e educacionais.
A antropóloga Luana Magalhães explica que o racismo estrutura a sociedade em várias áreas, inclusive na educação. “A educação no Brasil é feita por pessoas brancas, pensada por pessoas brancas para as pessoas brancas, para a manutenção do poder. Então, para os negros é fundamental tomar o conhecimento de si nesta estrutura racista”, diz.
Para os especialistas e para a própria sociedade em si, o Dia da Consciência Negra deve ser um momento de reflexão, de ação e de reforço da conscientização sobre o racismo e a promoção da igualdade racial para que elas se tornem práticas cotidianas e não apenas um dia a ser celebrado no calendário.
Fonte: Portal o Dia