Mudanças climáticas provocam seca grave e altas temperaturas no Piauí; 45 municípios já enfrentam colapso hídrico
Por Administrador
Publicado em 12/05/2025 08:30
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Pelo menos 45 municípios piauienses enfrentam seca grave, com colapso no abastecimento de água, perda total na produção agrícola de pequenos produtores, morte de animais e desaparecimento de enxames de abelhas, o que compromete também a produção de mel. O dado foi divulgado pela coordenadora da Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos da Semarh, Sara Cardoso, em entrevista à TV Cidade Verde.

 

“Na seca grave já existe 100% de perda. São áreas com colapso nos recursos hídricos, perda na produção agrícola do pequeno produtor, perda de animais, perda na produção do mel também, dos enxames, e aí se perdeu o enxame, perde naturalmente a produção do mel”, explicou Sara Cardoso.

 

De acordo com ela, o atual cenário é consequência direta das mudanças climáticas, que alteraram o regime de chuvas no estado. “Hoje a gente vê uma irregularidade tanto espacial quanto temporal. Era para chover todo dia, e em abril não choveu”, afirmou.

 

Além de Teresina, municípios das regiões Centro-Norte e Norte do estado que deveriam ter registrado altos volumes de chuva seguem abaixo da média. A previsão para o trimestre aponta que as chuvas seguirão escassas. “Essas chuvas esperadas ficarão na faixa normal e abaixo do normal. Pode ocorrer alguma chuva isolada, mas que não vai impactar na seca”, disse.

 

Sara destaca que o período chuvoso para o litoral leste do Nordeste está começando agora, o que explica a ocorrência de temporais em estados como Bahia e Pernambuco. No entanto, esses volumes não chegam ao Piauí. “Os dois maiores sistemas promotores de chuva aqui são a Zona de Convergência do Atlântico Sul, que atua no Sul e Oeste piauiense, e a ZCIT. A ZCIT oscilou em janeiro, mas não oscilou mais em fevereiro e março, o que impactou nas chuvas abaixo da média.”

 

Alguns municípios da divisa com o Maranhão registraram chuvas acima da média, o que, segundo a coordenadora, tem explicação geográfica. “O relevo e o tipo de vegetação da área permitem a entrada de umidade vinda do Norte do Brasil, da floresta amazônica.”

 

A tendência de calor intenso também preocupa. Segundo Sara, os termômetros já registraram temperaturas de até 40°C no mês de abril, e os próximos meses devem manter a média elevada. “As previsões apontam que vamos chegar novamente a 40 graus antes de julho. E a partir de julho, as temperaturas acima de 38 graus devem ocorrer com regularidade, especialmente no Sudoeste e Sudeste piauiense.”

 

A situação climática é agravada pelo estado de neutralidade no Oceano Pacífico. “Não tem ninguém falando de El Niño ainda, mas definitivamente não tem La Niña também. Seria bom se tivéssemos La Niña, porque traria mais chuva na próxima estação, mas não há nenhuma perspectiva de se estabelecer.”

 

A Semar também monitora o tipo de seca nos municípios, que varia entre quatro categorias: verde, fraca, moderada e grave. “A seca verde muda a vegetação, mas já observamos riachos e barreiros secos. A seca fraca é quando há veranicos, chove um dia e sete não. A seca moderada compromete mais as culturas. E a grave é a que já está em curso em dezenas de municípios”, detalhou.

 

 

Por Izabella Lima

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