A noite da cruz passou. Uma luz brilhou no meio da escuridão e iluminará para sempre a história humana. “Eis a luz de Cristo”, cantamos. Passou também o silêncio de Deus diante do injusto e violento fim do “Filho amado”. Os discípulos que se tinham dispersado, medrosos, confusos e envergonhados por serem seguidores do nazareno, “agora, ver a face do Ressuscitado recompõe os fragmentos de suas vidas. Reconhecer a sua voz leva-os a recuperar aquela paz que faltava nos seus corações desde que o tinham abandonado.” (Papa Francisco, 10/09/15).
A grande notícia da Páscoa é esta: “Vós o matastes, elevando-o numa cruz, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos.” (At 3,15). Aquele que Deus ressuscitou não foi somente alguém que tinha morrido, mas o Crucificado, vítima inocente, que viveu a misericórdia em todos os atos e palavras, que amou os pobres e perdoou os pecadores, que se solidarizou com as vítimas, que diante da perseguição manteve inabalável sua confiança absoluta no Pai. É uma grande notícia para todos os cristãos e para a humanidade inteira. Não podia ser diferente: “os discípulos se alegraram por verem o Senhor.” (Jo 20,20).
“Deus ressuscitou a este Jesus. E nós todos somos testemunhas disso.” (At 2,32). Nós cremos que o dinamismo da ressurreição do Crucificado continua atuando na vida de cada um de nós, bem como em nossas famílias, comunidades e no mundo. “A sua ressurreição não é algo do passado, contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer, por todos os lados, os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual”, diz nosso o Papa Francisco. (EG 276). É desde dinamismo que somos testemunhas. Ele renova nossa esperança. É possível crer e esperar. Somos testemunhas não porque nos foram comunicadas estas verdades, mas porque nos sentimos sustentados, fortalecidos, salvos por Ele. As testemunhas não ensinam teologia, mas comunicam a experiência de caminhar na vida acompanhadas pelo Ressuscitado que está vivo, com quem podemos contar e nele confiar. (cf. J. PAGOLA, 2012, p.370).
A Páscoa, portanto, não é somente uma comemoração, uma festa, a maior das festividades do cristianismo. É um modo de viver, que se baseia em tudo o que viveu e falou aquele que foi injustamente crucificado. É a confirmação que o caminho cristão é ser discípulo, seguidor, de Jesus de Nazaré. É um processo de aprendizagem de caminhar na companhia do Ressuscitado. É aprender a crer e esperar contra toda esperança (cf. Rm 4,8). É ser portador e colaborador de um dinamismo que faz a vida e o bem ter a última palavra, por isso, portador da “alegria do Evangelho”.
Desejo que esta boa notícia da Páscoa do Crucificado-Ressuscitado esteja na vida de todos. Feliz Páscoa!
Por Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta