Estamos entrando no tempo do Advento e, na liturgia da Igreja Católica, esta é uma riquíssima oportunidade de espera e preparação próxima para o Natal do Senhor Jesus. Mas, que espera é essa… que preparação é essa?
Como o Advento diz respeito à chegada do Senhor (que já veio, vem e virá), nós o vivemos numa atitude de esperança e de conversão porque não sabemos o dia e, nem, a hora.
Somos cristãos? Então, pronto! O cristão, antes de tudo, deve configurar sua vida à de Cristo, o que significa romper com o pecado e fazer a vontade de Deus, viver em atitude constante de conversão. No entanto, tal atitude só é possível se nos reconhecermos pecadores, se olharmos menos para os pecados dos outros e tomarmos a firme decisão de levarmos a sério a vontade de Deus em relação a nós. Deus sempre nos perdoa; portanto, necessitamos levar a sério o perdão que recebemos e nos tornarmos dignos de sua misericórdia, agradecidos pelo seu imenso amor. Realizar uma reforma íntima é a melhor atitude na espera pelo Senhor que vem. A decisão é nossa e podemos contar com o auxílio de Deus, que renova nosso coração.
Viver a fé do advento nos permite, por exemplo, um novo olhar em relação ao tempo sombrio que estamos vivendo no Brasil, esperando, não apenas, respostas políticas dos políticos – doce ilusão a nossa – , mas, preparando a resposta da urna e da nova ética do eleitor. Ao mesmo tempo, reforçamos o Senhorio de Cristo, em nossas vidas e o primado da fé em nossa história, como utopia do Reino.
O que nos diz a Palavra de Deus?
No Evangelho de Marcos (Mc 13,33-37), Jesus nos chama à vigilância:
“Prestem atenção! Não fiquem dormindo, porque vocês não sabem quando vai ser o momento. Vai acontecer como a um homem que partiu para o estrangeiro. Ele deixou a casa, distribuiu a tarefa a cada um dos empregados, e mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiem, portanto, porque vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; pode ser à tarde, à meia-noite, de madrugada ou pelo amanhecer. Se ele vier de repente, não deve encontrá-los dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: Fiquem vigiando.”
A vigilância pressupõe silêncio, escuta atenta, olhar diligente, domínio sobre o sono e coragem.
As orientações de Jesus são direcionadas sobretudo aos discípulos (v. 33), mas não exclusivamente a eles, pois querem alcançar a todos (v. 37): “O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”. Isso significa que, especialmente para a Igreja, Jesus deixou a tarefa do serviço e da vigilância, à maneira de servos e de porteiros do Reino de Deus.
Mas, vigiar não faz dos discípulos de Jesus meros servos à mercê dos caprichos de um amo imprevisível nem, muito menos, vigias à espreita para dominar os vigiados. A Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, é companheira de todas as pessoas nos caminhos da história, é companheira do Mestre, que a precedeu como dom generoso e lhe deu o mandato de levar a termo sua missão de instaurar o reino de paz e fraternidade.
Vigiar é a atitude de quem está sob a escuridão da noite, à espera da aurora do grande dia do Senhor, da vinda de Cristo, que a liturgia enfatiza através do termo advento. Os tempos atuais, no dizer de Jesus a seus discípulos, são como uma noite. A expressão “à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer” (v. 35) são os quatro momentos nos quais se dividia a noite na Antiguidade: desde o pôr do sol, à meia-noite, ao cantar do galo, ao amanhecer.
Não vivamos como “sentinelas adormecidos” e nem como “cães que não ladram”. Fiquemos atentos para agir com a firmeza e determinação de quem está acordado. Vigiemos!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos