A Campanha da Fraternidade 2018 será aberta na próxima quarta-feira, 14, com a proposta de construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Este caminho de conversão quaresmal, em vista de uma cultura da paz, exige o enfrentamento da realidade de exclusão. É o que aponta o secretário executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Luís Fernando da Silva. Em entrevista, ele ressalta que “sem a justiça social não haverá superação da violência”.
Qual é o grande convite da CF 2018 para os cristãos?
A violência é o não reconhecimento do outro, é coisificar a pessoa humana e toda vez que a pessoa humana é coisificada também é manipulada, se exerce força e brutalidade para com ela. O grande objetivo da Igreja com a Campanha da Fraternidade 2018 é: construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.
Quais são os caminhos de superação da violência?
Nessa Campanha ouvimos um tríplice chamado de Jesus. O primeiro chamado é o da valorização da vida. A vida é dom divino, portanto precisa ser respeitada do seu início ao seu fim natural. O segundo chamado é o da fraternidade, essa Campanha quer recordar que somos irmãos e irmãs filhos do mesmo Pai do céu, o grande sonho do Pai é que seus filhos vivam em paz e em harmonia. Por fim, o terceiro chamado é ao profetismo. Por causa da dimensão profética, recebida no batismo, nós lutamos pela preservação e garantia dos direitos elementares do ser humano.
A superação da violência, condição para uma sociedade e cultura da paz, exige comprometimento e ações envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes constituídos para a formulação de políticas públicas emancipatórias que assegurem a vida e o direito das pessoas em uma sociedade e cultura de Paz.
A não consolidação dessas necessidades básicas é uma das principais causas da violência física, psicológica e social na sociedade brasileira. Portanto, superar a violência em vista de uma cultura da paz, exige o enfrentamento dessa realidade, pois sem a justiça social não haverá superação da violência.
Como relacionar a vivência da CF e a quaresma?
A Campanha da Fraternidade nasceu como um apelo de conversão comunitária e social, para ser vivido no Tempo da Quaresma, tempo propício para essa realidade. Contudo hoje fica muito claro que a reflexão da Campanha da Fraternidade ultrapassa o tempo da Quaresma. Em muitos lugares do Brasil, a Campanha é trabalhada durante todo o ano. Em alguns lugares a reflexão de alguns temas dura muito mais que um ano. Por exemplo, outro dia encontrei-me com um grupo que se reúne todos os meses para discutir a CF de 2004. Com isso vamos percebendo que o papel da CNBB é muito mais que lançar a semente. A semente lançada segue florescendo e dando frutos de acordo com cada realidade.
Fonte: http://cnbb.net.br/