Festas juninas promovem comunhão e unidade
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Publicado em 19/06/2018

O mês de junho é marcado pelas festas juninas. Em muitos lugares o povo costuma se reunir para festejar Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo. Durante o mês acontece um fenômeno natural interessante: o hemisfério sul tem o dia mais curto e a noite mais longa do ano e no hemisfério norte, o contrário: o dia mais longo e a noite mais curta do ano. Tal fenômeno era motivo de celebrações em meio aos povos antigos: pedia-se colheita farta e agradecia-se as já realizadas.

Em seu artigo “Festas Juninas”, o arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, afirma que o festejo é marcado por alegria, música, danças típicas, fogueira grande, casamento caipira, bandeirinhas coloridas, fogos de artifício e comidas típicas como rapadura, pinhão, pipoca, quentão e canjica. “Essas festas são oportunidade privilegiada para o encontro de pessoas e recordação de um estilo de vida, por vezes, distante no tempo, mas sempre marcado por saudades, devido à simplicidade, o encontro amigo, a alegria, a partilha, a descontração e a fé”, diz.

Dom Jaime enfatiza também que a festa junina é expressão da obra divina realizada em figuras da tradição cristã. Ele explica que Santo Antônio é invocado especialmente nas dificuldades. São João é aquele que “foi enviado para preparar os caminhos do Senhor”. São Pedro é “a rocha escolhida sobre a qual o Senhor edificou sua Igreja”. São Paulo é “evangelizador intrépido”. “Estes homens, por caminhos distintos, cooperaram e cooperam para que a obra de Jesus continue no tempo. Um intercede nas dificuldades, outro inaugura caminhos, outro é garante da unidade da comunidade de fé, e outro ainda, intrepidamente, vai ao encontro de diversos povos e culturas”, afirma dom Jaime.

Para o arcebispo esses homens são santos e, por isso, são venerados – isto é, merecem respeito, consideração, reconhecimento pelo bem que realizaram ao longo de suas vidas na relação com Deus, no seguimento de Jesus Cristo, no testemunho e anúncio do Evangelho e na relação com os irmãos e irmãs. “Neste período do ano, de um lado, o povo canta, festeja e se diverte, dançando e partilhando pratos típicos. De outro, a comunidade de fé, na liturgia, faz memória de homens que se destacaram no caminho da fé”, salienta.

No encontro com as diversas tradições regionais, segundo dom Jaime, as festas juninas foram adquirindo contornos característicos. “O povo cultiva um sentido, por vezes diluído, que dá unidade a tudo o que existe e sucede na experiência. Este sentido se coloca à disposição de todos através das tradições culturais que representam a hipótese de realidade com que cada ser humano pode olhar o mundo em que vive. Isso se expressa na religiosidade popular! Entretanto, num mundo onde tudo se torna motivo de negócio, até mesmo as tradições culturais e religiosas com sua simplicidade e sabedoria vão perdendo a característica de oferecer significado à vida e ao mundo”, aponta.

Ainda de acordo com o arcebispo, nas festas juninas se expressa o desejo de um mundo melhor, marcado por paz e justiça, fraternidade e concórdia. “Por isso, o povo não se cansa de lutar para superar todo tipo de dificuldades (Santo Antônio); empenha-se por cooperar na preparação de caminhos, em vista de um mundo um pouco melhor para as novas gerações (São João); deseja um fundamento firme sobre o qual possa construir um projeto de nação (São Pedro), ousado e propositivo (São Paulo)”, explica.

Dom Jaime finaliza o seu artigo afirmando que esse tipo de festa expressa, ainda, o desejo humano de confraternização, promovendo comunhão e unidade. “Elas são espaço de cultivo da possibilidade de um mundo transformado, no qual dificuldades imputadas possam ser superadas; bloqueios e empecilhos desfeitos; a unidade, reconstruída; a fraternidade e a paz experimentadas”, conclui.

 Fonte: CNBB

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