A violência psicológica é a que mais atinge mulheres em Teresina. A informação é do banco de dados do Ministério Público "Leoneide Ferreira", popularmente conhecido como Ipenha, que revela ainda que foram instaurados mais de 350 procedimentos para apurar violação no âmbito da Lei Maria da Penha na Capital e também da cidade de Nazária somente este ano.
O promotor Francisco de Jesus, titular 5ª Promotoria de Justiça de Teresina, acredita que os números podem ser bem maiores porque muitas mulheres ainda não denunciam seus agressores.
"Por vários motivos, como o medo, a esperança que o autor da violência mude o comportamento, as dependências econômicas e afetivas e por não acreditarem no sistema de justiça", disse o titular da 5ª Promotoria de Justiça de Teresina, órgão de execução do Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar do Ministério Público do Piauí (Nupevid/ MPPI).
Para Francisco de Jesus, apesar de a violência psicológica ser a que mais atinge mulheres é a menos apurada.
"Ninguém ofende a integridade física, sem antes violar a psicológica. Na maioria das vezes, o sistema de justiça não apura esse tipo de violência que acaba ficando impune, mesmo os dados mostrando que é a maior recorrência", disse o promotor que sugere atendimento especializado nas delegacias do Piauí para atender a mulher vítima deste tipo de violência.
"O ideal era que o sistema de Segurança Pública possa dotar as delegacias de psicólogos ou ao menos um profissional que possa fazer um laudo psicológico para avaliar esse tipo de violência que abala a estrutura emocial das vítimas e que também é causa de suicídio", acrescenta o promotor.
Implementado em 2012, o Ipenha é uma ferramenta online que permite compilação de dados acerca dos processos que envolvam a aplicação da Lei Maria da Penha, o levantamento de informações sobre a vítima, e ainda, a descrição de seu perfil.
O promotor acrescenta que a meta com o Ipenha é transformá-lo em um banco de dados de consulta pública, bem como integrá-lo a consultórios médico e odontológico voltados para o atendimento a mulheres.
"A integração operacional dos órgãos e o desenvolvimento de políticas públicas são necessários para prevenir e reprimir os crimes de femicídios e as diversas formas de violências praticadas contra mulheres", conclui Francisco de Jesus.
Fonte: Cidade Verde