O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (15), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD Contínua), referente ao segundo trimestre de 2019 e o que se percebe é que a situação o Piauí não registrou melhoras no tocante ao mercado de trabalho, quando se compara a situação do Estado em relação ao primeiro trimestre.
Segundo o IBGE, o Piauí segue concentrando a maior taxa de subutilização da força de trabalho do Brasil. Com uma proporção de 43,3%, a média de subutilização do potencial do trabalhador no Estado é quase duas vezes maior que a média nacional (24,8%). O IBGE define como subutilização da força de trabalho o percentual de pessoas desocupadas e subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas.
Com a maior taxa do país, o Piauí aparece à frente de Estados como Maranhão e Bahia, que concentram taxas de subutilização de 41% e 40,1%, respectivamente. As menores proporções foram encontradas em Santa Catarina (10,7%), Rondônia (15,7%) e Mato Grosso (15,8%).
Outro dado que chama atenção é que o Piauí apresenta o segundo maior percentual de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado. De acordo com o IBGE, 48% daqueles que estão empregados na área privada aqui no Estado, não estão formalmente enquadrados nas leis trabalhistas.
E esta realidade puxa um outro dado relevante: o Piauí é o segundo do Brasil que menos contrata trabalhadores com carteira, sobretudo no setor privado. O percentual de trabalhadores formalmente enquadrados e respaldados pelas leis trabalhistas no Estado e de 52%.
A taxa, embora represente mais da metade da população economicamente ativa do Estado, é considerada baixa pelo IBGE quando comparada com outras unidades federativas, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que possuem, respectivamente, 87,6% e 83,3% de seus trabalhadores do setor privado formalmente enquadrados pelas leis trabalhistas.
A quantidade de trabalhadores atuando sem carteira assinada aqui no Piauí, somada ao número aquém da média de profissionais com carteira, contribui, segundo o IBGE, para configurar outro cenário: o do aumento da informalidade. No segundo trimestre do ano, o percentual de pessoas de 14 anos ou mais, ocupadas por conta própria, ou seja, atuando no mercado informal, atingiu o patamar dos 31,8% no Piauí, a sétima maior taxa do Brasil.
O Estado fica atrás somente de Rondônia, do Acre, Maranhão, Amazonas, Amapá e Pará na taxa de informalidade. Este último apresenta 35,6% de sua população economicamente ativa trabalhando por conta própria, sendo o maior percentual do país.
Taxa de desocupação
Conforme a publicação da PNAD Contínua para o segundo trimestre, o Piauí consolidou uma taxa de desocupação de 12,8% nos meses de abril, maio e junho. Entende-se como pessoas desocupadas aquelas que não possuem nenhuma fonte de renda e o Piauí se coloca inclusive acima da média nacional (12%) nesse quesito. É da Bahia a posição de estado com maior número de pessoas desocupadas do país (17,4%).
Para formalizar emprego, é necessário que hajam vagas
Atenta à situação do aumento da informalidade, a Superintendência Regional do Trabalho do Piauí afirma que a os números do IBGE refletem, de certa forma, a carência de maiores investimentos em infraestrutura, sobre tudo na área da Construção Civil, que é, no momento, uma das que mais emprega trabalhadores formalmente no Estado.
Em conversa com a reportagem do Portal O Dia, o superintendente regional do trabalho do Piauí, Philippe Salha, explicou: “Para haver formalização de empregos, é necessário haver vagas, principalmente na área de investimento de infraestrutura, que é uma mão de obra que se contrata rapidamente. E o que vemos ultimamente são muitas obras paradas, então é natural que haja uma fuga para informalidade quando uma área estratégica, como a infraestrutura, não tem onde absorver esses trabalhadores”, discorre.
Salha explica ainda que a situação do Estado no tocante ao mercado de trabalho é um reflexo também da situação econômica nacional e mundial. O Piauí, segundo ele, não fica imune à crise porque faz parte de uma conjuntura maior e sente os impactos da queda de investimentos lá fora. No entanto, o superintendente vê perspectivas de melhoras para este segundo semestre.
“Creio que a economia real, ela pode melhorar daqui para o final do ano. Trabalhando com os dados atuais que temos do Ministério do Trabalho, nós vemos que há uma possibilidade de a situação começar a se reverter e é uma cadeia: se a economia vai bem, o empregador passa bem e contrata mais”, finaliza.
Fonte: Folha de Oeiras