Com a pandemia do coronavírus e seus efeitos econômicos, Brasil volta ao Mapa da Fome
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Publicado em 24/07/2020

A pandemia do novo coronavírus, que já causou mais de 80 mil mortes no Brasil e uma crise socioeconômica sem precedentes, fez com que a latente ameaça da insegurança alimentar dos últimos anos se tornasse realidade para as populações mais pobres do país.

No ano passado, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) havia alertado que o Brasil poderia voltar a ser incluído no Mapa da Fome, ou seja, na relação de países que têm mais de 5% da população ingerindo menos calorias que o recomendável. Desde 2014, o país já havia deixado essa lista.

A estimativa do Banco Mundial é que cerca de 5,4 milhões de brasileiros atinjam a extrema pobreza, chegando ao total de 14,7 milhões de pessoas até o fim de 2020, ou 7% da população.

“O Brasil já está dentro do Mapa da Fome. Vamos ter que fazer todo um esforço de reconstrução. Esperamos que um dia se reponha a participação social no país, de forma que possamos, novamente, sair do Mapa da Fome, e oferecer condições de alimentação com comida de verdade para nossa população”, afirmou Francisco Menezes, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em entrevista ao portal Brasil de Fato

Apesar do peso inegável da Covid-19, ações estão sendo pensadas e instituições estão se unindo para combater a fome em tempos de coronavírus. A própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está junta com a Cáritas Brasileira, por meio da Ação Solidária Emergencial “É tempo de Cuidar”, desde o dia 12 de abril, doando alimentos não perecíveis para as dioceses brasileiras, em várias partes do país. A ação conta também com a parceria da organização não-governamental Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993.

É tempo de Cuidar

A “É tempo de Cuidar” vem se somar a diversas ações espalhadas pelo Brasil: 3.500 toneladas de alimentos organizadas em cestas básicas, R$ 2.697.792,00, 239.626 unidades de produtos de  higiene e limpeza, 182.846 equipamentos de proteção individual e 196.939 unidades de roupas e calçados. Ao todo foram produzidas e distribuídas 349.528 marmitas, especialmente para a população de rua. Esses são os números atualizados da Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil “É Tempo de Cuidar”. Até o momento foram registradas 490 ações de solidariedade, que envolveram o serviço direto de 119 arquidioceses e dioceses do Brasil beneficiando 660 mil pessoas em todo país.

Dom Mário Antônio da Silva, segundo-vicente presidente da CNBB e presidente da Cáritas Brasileira,  já havia afirmado que estes números não expressam apenas proporções matemáticas mas demonstram “pessoas cuidando de pessoas, pessoas com mais dignidade e solidariedade”.

Para ele os gestos revelam “uma página viva do Evangelho na qual muitos  cristãos católicos e até mesmo de outras denominações religiosas têm participado com muito carinho e solicitude desta ação solidária emergencial. É Tempo de Cuidar, um cuidar que tem acontecido de maneira terna, de maneira atenta, alegre e com muito amor“, afirmou.

Acompanhe no mapa do Brasil onde estão acontecendo ações da campanha “É Tempo de Cuidar”: https://preview.flourish.studio. Conheça outras iniciativas realizadas pela a Ação (acesse o hotsite aqui).

 

Fonte: CNBB

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