A inflação no Brasil voltou a representar um aspecto relevante para as decisões dos agentes econômicos. Dessa vez, no entanto, esse movimento de elevação de preços não está relacionado ao aumento da demanda, mas a choques de oferta. Primeiro, houve uma disparada nos preços das commodities (matérias-primas e grãos, por exemplo), cujos preços são formados no mercado internacional, a partir do movimento de demanda física, mas também influenciados pelas posições nos mercados futuros.
Uma das consequências da financeirização observada na economia global nas últimas três décadas foi que as commodities também se transformaram em ativos financeiros, na medida em que, seja por operações de hedge, visando à proteção dos comerciantes, seja por posições especulativas de operadores, formam suas posições.
Os movimentos de preços, no entanto, têm sido díspares. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial, atingiu 6,17% nos 12 meses acumulados até abril, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) chegou a 32% no mesmo período!
Tornou-se prática mercadológica no Brasil, também em função do longo histórico de inflação, a adoção de critérios de reajuste para contratos envolvendo as relações interempresariais. Em geral se estabelece o reajuste dos preços contratados baseado na variação porcentual acumulada de um determinado índice de preços, que são baseados na variação observada em uma determinada cesta de consumo média, referenciadas às faixas de renda.
Fonte Estadão